8 de mai. de 2012

Desacreditada

Tenho tido a oportunidade de vivenciar situações maravilhosas nos últimos dias.
Emoções a mil.
A cada dia, a cada experiência nova que a Vida tem me proporcionado, observo como sou feliz, como tenho sido agraciada e beneficiada.
Fui em uma peça de teatro, na galeria Olido, que foi simplesmente sensacional. Assisti Maria Rita homenageando, belissimamente, sua mãe Ellis Regina. Andei por museus, galerias, ouvi samba e até tive a oportunidade de ter meus cabelos arrepiados no Catavento Cultural.
Mas não acabou por ai, um convite, da editora ática, e lá estava eu na Sala São Paulo, tendo uma noite mais que agradável com alguns concertos, coral infantil e um animador show com os Barbatuques.
E foi nesta noite, uma noite de segunda-feira em que poderia estar em casa, dormindo, teclando, lendo blá, blá, blá...estava eu lá na Estação Júlio Prestes, quando observei que as pessoas perderam completamente o senso.
Aprendi na minha infância a respeitar um palco. E o interessante é que minha família nunca me levou a uma peça de teatro, nunca me levaram para ver um concerto sinfônico. Mas me ensinaram a respeitar as pessoas, principalmente em suas apresentações. 
Me ensinaram que deveria ouvir o que o padre dizia, pois lá naquele 'palco' ele estava, me ensinaram a prestar a atenção quando outra pessoa mostrava, apresentava, algo que havia ensaiado por um tempo.
Minha família me ensinou a valorizar o que o outro está fazendo. Admito que não uso isso 100% em meu dia a dia, mas quando me disponho a sair de casa, atravessar uma cidade como São Paulo, em seu horário de pico, para ver uma apresentação, minha única obrigação é respeitar quem ali estiver.
Pois bem, acho que minha família estava errada. Só pode.
Imaginemos a cena:  as portas da Sala São Paulo se abrem, muitas pessoas adentram, ocupam os melhores lugares, que julgam assim, ouvisse um burburinho de conversas, um toque é dado, outro novamente, as luzes começam a diminuir e todos se concentram no palco. O silêncio se faz presente, as apresentações começam, emoções dominam o ambiente.
Uma cena perfeita certo??
Concordo. E neste momento tcharammmmmmmmmmmmmmmm, eis que observo a tecnologia, destruindo o Homem.
Quando entramos na Sala, eu e minha amiga ficamos nas últimas cadeiras, já sabendo que seria o caos sair ali de dentro. Algumas pessoas ao nosso lado e eu consegui contar quatro pessoas nos seus celulares. Havia até um tablet (chique né). Desacreditei, com um cenário fantástico à sua frente, as pessoas resolveram ficar em suas redes sociais, falando sabe-se lá o que, com quem sabe-se lá onde, resolvendo sabe-se lá o que.
Me questionei a noite toda sobre aquela cena, desnecessária, que se passava ao meu lado. 
Não sei quem eram aquelas pessoas, nem qual as oportunidades que elas tiveram e tem em suas vidas, mas sei que estamos num momento onde estamos perdendo o respeito pelo outro.
Luzes dos celulares chamam a atenção de quem está ao seu lado, e dessa forma desrespeito um próximo por que quero não perder nenhum momento, 'fascinante' das redes sociais, perco a oportunidade de olhar, de ver, de vivenciar a emoção de quem está la no palco se apresentando e mais uma vez desrespeito.
Estamos esquecendo pequenas vivências sociais, que são necessárias. Estamos nos olhando cada vez mais, e vamos nos tornar solitários, amargos e tristes.
Desacreditada, vivenciei toda uma noite fascinante. Voltei para minha casa, dormi, e neste dia em nenhuma rede social estive. 

Um comentário:

Lua N. disse...

O mundo está cada vez mais egoístico. É o que nos é ensinado pelas mídias: imediatismo e egoísmo. Não existe mais respeito. Se o que eu quero te incomoda, foda-se você.