4 de ago. de 2013

O céu caiu sem estrelas sem deus

Essa postagem não é para falar da letra da música da minha adorada salve salve três vezes Ana Carolina, mas é simplesmente uma frase que desde de que eu ouvi pela primeira vez mexeu comigo.
O céu caiu sem estrela sem deus...tudo o que você colocou de esperança se mostra vazio, se mostra oco, te deixa desorientado.
Eu era muito religiosa, muito mesmo. Era o que chamam de rata de igreja, de viciada, neurótica, fanática e tudo o mais que quiserem chamar.
Até que um dia decidi que daquele instante pra frente a única responsável pelas minhas vitórias e fracassos seria eu mesmo. Não teria nenhum deus que levasse a glória quando algo de bom me acontecesse e não teria só eu para receber as 'punições' por escolhas erradas que eu viesse a fazer.
Lembro-me bem deste dia. Estava sentada no quarto, lendo e pensando. Estava indignada de ouvir tantas asneiras, de ser olhada como pecadora, de me sentir pecadora por simplesmente amar. Era começo de 2007.
A decisão havia sido tomada, nada de deus em minha vida, nada de ser superior sendo aclamado com minhas vitórias, nada de acordar de madrugada para ajoelhar-me e rezar para ser perdoada de meus pecados, que eram consequências de simplesmente amar.
Mas como abrir mão do dia pra noite de tudo que rodeava minha vida, que havia sido construído por uma vida inteira??
Como me esquecer de experiências que eu tinha vivido e que ninguém poderá dizer que foram ilusões, fantasias ou mentiras, pois foi eu quem as viveu, só eu posso denominá-las e ninguém mais.
Com o tempo fui me desfazendo de tudo, imagens de santos, imagens da mãe de deus, ícones que haviam sido trazidos especialmente para mim de outros países. E para o desespero de alguns, até um terço que fora comprado, especialmente para mim, no Vaticano e havia sido abençoado pelo Papa João Paulo.
Tudo foi indo embora, uma história que tinha sido formada, vivida, querida, estava se desfazendo, estava se reinventando, estava se modificando.
Já se foram 6 anos de uma decisão, 6 anos em que vivi tantas coisas e que meu céu já havia caído sem estrelas e sem deus.
Como é hoje não ter um céu para olhar e clamar? Como é viver tudo sozinha?
Sim, por que quando se tem uma crença, quando se acredita em algo, mesmo que você não veja, mesmo que não sentes nada, tu deitas na cama e eleva uma prece e se sente mais calma, mesmo sabendo que nada mudou, mesmo sabendo que na manhã seguinte continuará tudo do mesmo jeito, mesmo vivendo tudo igual no final do próximo dia tu novamente fará uma prece.
Não consigo fazer isso, não tenho para quem fazer. Não tenho o porque de fazer, não que eu não tenha problemas, dúvidas, questionamentos, questões para resolver. Mas porque para mim isso não faz mais sentido.
Mesmo assim, mesmo tendo uma história que fora modificada sou chamada de hipócrita, por questionar, por pensar.
A igreja faz falta para mim hoje? Não não faz. Não queria viver nela novamente pelo simples fato de ter a certeza de que é ela quem promove muitos dos preconceitos que vivemos hoje. Não voltaria a viver pois o que a igreja tem de filosofia não me atrai, não me seduz e eu não acredito mais.
Hoje quando me vejo em situações onde, antigamente, eu iria rezar e buscar uma solução, respiro fundo, choro, busco em mim uma solução ou uma decisão. E nestes momentos a palavra solidão tem mais sentido do que em qualquer outro que eu já tenha ouvido.
Não julgo quem quer ter uma religião, muito pelo contrário, acho que tem muitos padres, pastores, mães de santo, dentre outros, que deveriam levar uma surra bem dada e serem retirados do convívio da sociedade, pois eles roubam, por vezes, a única coisa que a pessoa tem, a fé. Se aproveitam da ignorância, da bondade e da fé para enriquecerem, para pisotear mais ainda em quem já está no fundo do poço.
Tem valores cristãos em mim, lógico que sim, não só pela história que tive dentro da igreja mas por viver numa sociedade onde os valores cristãos são a base para tudo.
Me decepcionei, ao ser chamada de hipócrita, me decepcionei em confiar, em me apresentar.
Mas esta é minha história de vida e isso não posso e não quero mudar.

11 de fev. de 2013

Eu vi

A Vida segue, sem se preocupar com as dúvidas, com as dores, com os questionamentos, com as preocupações, com as alegrias, com as surpresas, com o que nos tira o fôlego.
Ela simplesmente continua, intacta, móvel como sempre.
Nessa correria do dia a dia que é a nossa vã existência, deixamos de reparar em pequenas coisas.
Entramos em nossos carros e só conseguimos olhar os faróis a abrirem e fecharem, só enxergamos as brechas em que podemos entrar para ultrapassar um ou dois carros.
Tudo isso no desejo, em que gostaríamos de acreditar ser verdade, de ter mais tempo para nós.
Esses dias eu me permitir olhar de maneira diferente, e apenas sorri.
Eu vi uma planta com flores lindíssimas em uma esquina, ali, bela, a Vida nos grita para relaxarmos.
Eu vi um pai levando seu filho para a creche. Aquele homem carregando em seus braços seu filho para suas experiências infantis. Um homem feliz em realizar seu papel de pai.
Vi crianças sorrindo e brincando enquanto suas mães conversavam apreensivas sobre alguma falta de sorte dessa Vida.
Vejo minhas plantas crescendo, folhas novas nascendo, independentemente de minha ação.
Adoraria olhar com mais simplicidade, com mais paciência, com menos razão para a Vida, para a Existência.
Ainda me lembro de momentos em que um simples balançar das copas das árvores me traziam uma alegria impar.

Onde está tudo, o que aconteceu, para onde foi????
Oh Vida, cá estou!!

Como diz uma música "O céu caiu sem estrela, sem deus".